domingo, 17 de outubro de 2010

Mecânica da mente





Se pudesse transformar agora mesmo emoções negativas em emoções positivas, e todos os dias durante o resto da sua vida – ainda que o fizesse depois de sentir a emoção negativa primeiro – não seria um dom maravilhoso?
A sua mente é realmente um mecanismo. É como um computador. O seu portátil não se “importa” com as coisas, responde apenas à inserção de dados – e ao que foi nele inserido previamente. Há um acrónimo famoso utilizado pelos técnicos informáticos: GIGO. Significa “Garbage In, Garbage Out”, ou seja, entra lixo, sai lixo.
A sua mente opera da mesma maneira. Reage automaticamente ao que você lhe fornece – e se o que lhe fornece são dados a sua mente chegará a conclusões erróneas.
Se você basear a sua resposta nestas conclusões, pode estar a preparar-se para uma viagem ao inferno emocional (…). Pode dar por si enredado em pensamentos que nada têm a ver com o que é verdade. E nem sequer terá importância para si, porque não saberá que os seus pensamentos não são verdadeiros.
Acabei de dizer que, se o que você insere na sua mente são dados defeituosos a sua mente chegará a conclusões erróneas. O inverso também é verdadeiro. Se o que fornece à sua mente são dados, a sua mente chegará a conclusões exactas. Isso eliminará da sua vida todo o tipo de tristeza e angústia, agitação e sofrimento, cólera e medo. (…)
Os seus pensamentos criam as suas emoções. Isso já estabelecemos definitivamente. Isso significa que você está a criar as suas emoções. Esta é uma informação muito importante. Não é demais repeti-lo.
A maior parte das pessoas não pensa que criar as suas emoções, pensa que as tem, apenas. Como flocos de neve ou pingos de chuva, caem do céu. As pessoas dizem muitas vezes que foram inundadas pela emoção.
Na verdade, as emoções são escolhidas. A mente decide sentir de uma certa maneira. As emoções são um Acto de Vontade.
Uau, isso é difícil. Essa é difícil. É muito difícil que as pessoas o aceitem. Você aceita-o e, subitamente, é responsável por tudo; pela maneira como se sente, pela maneira como age com os outros em resultado do que sente… portanto, quando as pessoas ouvem isto, procuram uma “saída”.
“Tem de haver alguma maneira na qual eu não seja responsável pelo que estou a sentir. Ou seja, consigo ver que sou responsável pelo que faço com os meus sentimentos, mas pelos próprios sentimentos? Por favor! Não posso ser responsável por isso. Sinto como sinto, caramba, e essa é a minha verdade e pronto.”
Já alguma vez disse a si próprio alguma versão disto?
No entanto a raça Humana nunca poderá evoluir até vermos o papel que todos desempenhamos na criação das nossas emoções. Por isso, repito: As emoções são escolhidas. A mente decide sentir de determinada maneira. As emoções são um Acto de Vontade.
Mas admito o seguinte: a sua mente faz o que faz tão depressa, que pode parecer que você não tem qualquer controlo sobre as suas emoções. (…) A sua mente fá-lo passar muito rapidamente para uma emoção baseada no pensamento que ela formou. (…)
Dado que isto acontece tão diabolicamente depressa, com a rapidez de um relâmpago, torna-se crucial que saibamos, antecipadamente, a resposta ao que se tornou agora a questão central: O que gera o pensamento que cria a emoção? De onde provém o pensamento?
Se conseguir perceber isso, terá avançado muito no sentido de conseguir mudar o seu pensamento a respeito de alguma coisa. E se conseguir mudar o seu pensamento acerca de alguma coisa, pode criar uma emoção diferente em redor da mesma – que dará origem a uma experiência diferente da mesma. Por muito depressa que a mente funcione, só funciona com os dados com que está a trabalhar. Entra lixo / sai lixo.
Agora que você entende exactamente como isto acontece, conseguirá fazê-lo acontecer. Quando quiser. E então… será livre. Livre do tumulto emocional, livre da angústia e frustração e ansiedade e medo – as emoções inoportunas que tantas vezes acompanham mudanças indesejadas e rupturas na vida. (…)



Neale Donald Walsh - Do livro “Aproveitar a mudança”

CARPE DIEM

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Carta de Augusto Cury aos pais e educadores



Nossa geração quis dar o melhor para as crianças e jovens. Sonhamos grandes sonhos para eles. Procuramos dar os melhores brinquedos, roupas, passeios e escolas. Não queríamos que eles andassem na chuva, se machucassem nas ruas, se ferissem com os brinquedos caseiros e vivessem as dificuldades pelas quais passamos.
Colocamos uma televisão na sala. Alguns pais, com mais recursos, colocaram uma televisão e um computador no quarto de cada filho. Outros encheram seus filhos de actividades matriculando-os em cursos de inglês, computação, música.
Tiveram uma excelente intenção, só não sabiam que as crianças precisavam ter infância, que elas necessitavam inventar, correr riscos, frustrar-se, ter tempo para brincar e se encantar com a vida. Não imaginavam que a criatividade, a felicidade, a ousadia e a segurança do adulto dependiam tanto das matrizes da memória e da energia emocional da criança. Não compreenderam que a TV, os brinquedos manufaturados, a internet e o excesso de actividades obstruíam a infância dos seus filhos.
Criamos um mundo artificial para as crianças e pagamos um preço caríssimo. Produzimos sérias consequências no território da emoção, no anfiteatro dos pensamentos e no solo da memória deles.
Esperávamos que no século XXI os jovens fossem solidários, amassem a arte de pensar e fossem empreendedores. Mas muitos vivem alienados, não pensam no futuro, não tem garra e projectos de vida.
As crianças estão mais agitadas, não conseguem exercer por muito tempo uma actividade que exija um pouco mais de repetição, pois o mundo globalizado tem tantos estímulos que tarefas que necessitam de uma perseverança maior para ser desenvolvida estão perdendo espaço no quotidiano das nossas crianças. O preocupante é que para aprender qualquer coisa, é necessário paciência e perseverança, não podemos deixar tais características morrem nos jovens.
Imaginávamos que, pelo facto de aprendermos línguas na escola e vivermos espremidos nos elevadores, no local de trabalho, nos clubes a solidão seria resolvida, mas as pessoas não aprenderam a falar de si mesmas, têm medo de se expor, vivem represadas em seu próprio mundo. Pais e filhos vivem ilhados em seu mundo, raramente choram juntos e comentam sobre seus sonhos, mágoas, alegrias, frustrações.
Na escola, a situação é pior. Professores e alunos vivem por anos juntos dentro da sala de aula, mas são estranhos uns para os outros. Eles se escondem atrás dos livros, das apostilas, dos computadores.
As crianças e os jovens aprendem a lidar com factos lógicos, mas não sabem lidar com fracassos e falhas. Aprendem a resolver problemas matemáticos, mas não sabem resolver seus conflitos existenciais. São treinados para fazer cálculos e acertá-los, mas a vida tem contradições, as questões emocionais não podem ser calculadas nem tem conta exacta.
Os jovens são preparados para lidar com decepções? Não! Eles são treinados apenas para o sucesso. Viver sem problemas é impossível. O sofrimento ou nos constrói ou nos destrói. Devemos usar o sofrimento para construir a sabedoria. Quem se importa com a sabedoria na era da informática?
Nossa geração produziu informações que nenhuma outra geração jamais produziu, mas não sabemos o que fazer com elas. Raramente usamos essas informações para expandir nossa qualidade de vida. Você faz coisas fora da sua agenda que lhe dão prazer? Você procura administrar seus pensamentos para ter uma mente mais tranquila? Nós nos tornamos máquinas de trabalhar e estamos transformando nossas crianças em máquinas de informação.
Os estudos mostram que informar é muito diferente de conhecer. As crianças são bombardeadas por variadas informações, as escolas estão cada dia mais exigentes, e os pais por sua vez querem que seus filhos aprendam mais do que eles tiveram a oportunidade aprender. Porem não podemos esquecer que o conhecimento deriva da junção da informação com a experiência. Precisamos colaborar para que os nossos jovens a debatam idéias, elaborarem as suas ideias, criem seus próprios pensamentos alicerçados nas informações adquiridas. Pois ao contrario nossos jovens se tornaram uma massa de repetidores de idéias e não seres humanos críticos, ousados, e capazes de enfrentar a competitividade do mercado de trabalho que vivemos hoje.
Preocupado com todas essas questões criei o projeto escola de inteligência. Um projeto que visa colaborar com as escolas na educação para a vida, formando pensadores e autores da sua própria historia. Devemos nos adaptar com os avanços tecnológicos sem nos esquecer da nossa essência e sensibilidade humana.
Espero colaborar com a educação desse novo milênio!
Forte Abraço,
Augusto Cury

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Qualidade de vida...






Se o primeiro facto verdadeiro é que a vida em geral não é fácil, certamente não devemos esperar que ver a natureza da nossa mente será algo simples. A natureza da mente de facto, em qualquer nível, não é muito óbvia. Até identificar e reconhecer correctamente o que é a mente é extremamente difícil. Só para começar a tentar ver já precisamos de forte motivação. Devemos ser claros sobre porque gostaríamos de ver a natureza da nossa mente.
A fundação para qualquer nível de motivação espiritual é levar a sério a nós próprios e a nossa qualidade de vida.
A maioria das pessoas acorda de manhã e vai para o trabalho ou escola, ou fica no lar a cuidar da casa e das crianças. No final do dia, estão cansados e tentam relaxar: talvez a beber uma cerveja ou a ver televisão. Numa hora vão dormir e, no dia seguinte, repetem a sequência. Gastam toda a vida a tentar ganhar dinheiro, sustentar a família e ter qualquer diversão e prazer que consigam.

Embora a maioria das pessoas não possa alterar a estrutura das suas vidas, elas sentem que também não podem mudar a qualidade de como vivenciam essa estrutura. A vida tem os seus altos, mas também muitos baixos, todos bem stressantes. Sentem que são uma pequenina parte de um mecanismo sólido gigante, do qual não podem fazer nada.
Então vão pela vida de modo mecânico, passivo, como passageiros de uma montanha russa que dura a vida toda, a ir para cima e para baixo, assumindo que não apenas os trilhos, mas também a tensão e o stress vivenciados nesse ciclo são partes inevitáveis dessa volta sem fim.

Já que tal experiência na vida de alguém pode ser bastante deprimente, apesar dos prazeres, é essencialmente vital fazer algo a respeito. Apenas beber até o esquecimento toda noite, ou procurar constantemente entretenimento e distracção com música e televisão todo o tempo, ou jogar jogos de computador incessantemente para nunca ter de pensar na vida, nada disso vai eliminar o problema. Devemos levar-nos a sério. Isso significa ter respeito por nós próprios como seres humanos. Não somos apenas peças de uma máquina ou passageiros impotentes de uma volta pela vida -- às vezes suave, às vezes turbulenta. Precisamos, então, examinar mais de perto o que estamos a vivenciar a cada dia. E se percebermos que estamos stressados pela tensão da nossa cidade, casa ou escritório, não devemos apenas aceitar isso como algo inevitável.

Os Nossos ambientes de vida, trabalho e lar, incluindo as atitudes e comportamentos dos outros, apenas fornecem as circunstâncias com as quais vivemos as nossas vidas. A qualidade da nossa vida o que nós mesmos, ninguém mais, está a vivenciar agora mesmo contudo, é o resultado directo das nossas próprias atitudes de ninguém mais e o comportamento que elas geram.

DALAI LAMA

CARPE DIEM

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Caminhando...








"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio
CARPE DIEM