terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
O Novo Mundo...
…Prisioneiros amarrados a pesadas correntes por anos, famintos e abatidos, fracos e exaustos, e com os olhos baixos há tanto tempo na escuridão que não se lembram da luz, não pulam de alegria no instante em que são libertados. Leva tempo para que compreendam o que é a liberdade…
A Caverna – Platão
Platão estava tentando dizer ao mundo com sua história, que a realidade não é nada do que você pensa que é...
Eckart Tolle diz que nós, seres humanos, nos esquecemos de nossa essência – a pura consciência – e, ao contrário, nos identificamos com coisas que não somos nós: nossos pensamentos, nossos conceitos mentais sobre nós mesmos. Ele define o ego como “uma identificação com a forma, significando, principalmente, formas de pensamento”. Um exemplo disso pode ser Eu sou “um homem”, “um cristão”, “um jornalista”, “uma vítima”, “uma pessoa sem valor”, e assim por diante.
Tolle acredita que a maioria das pessoas não vive na realidade, mas numa imagem conceitualizada dela. Olham para a realidade a partir de uma percepção limitada de si mesmas e do outro. Olham para o mundo a partir de suas crenças. A identificação do ego com imagens mentais e coisas exteriores, como trabalho, carro, bens ou relacionamentos, leva o ser humano a se apegar e se tornar dependente das coisas exteriores a si mesmo. “Eu tenho, portanto eu sou” – este poderia ser o moto do ego. “Querer ter” torna-se uma obsessão continuamente estimulada pela sociedade de consumo.
A emoção subjacente que controla as actividades do ego é o medo – medo de não ser ninguém, de não existir, de morrer. Segundo Tolle, o medo no qual a maioria das pessoas habita é fácil de explicar: “No fundo, todo ser humano sabe que nenhuma forma é duradoura, que todas as formas passam. Por isso o ego sempre conhece um sentimento de insegurança. Portanto, muitas pessoas vivem em um permanente estado de desconforto, desassossego, tédio, medo e insatisfação.”
Para sobreviver, o ego precisa de uma grande quantidade de atenção. Ele é viciado em poder, reconhecimento e conflito e se ocupa de comparar a si mesmo com outros egos. Ele se vê separado dos outros e do mundo. Pensa em termos de “melhor que”, “menos que” e “maior que” e vive pela graça do ataque e defesa. Tolle diz: “Os egos diferem apenas no exterior. No fundo, são todos iguais. Vivem na identificação e separação. Todo ego luta continuamente para sobreviver, tentando se proteger e se expandir. Como quer que o ego se manifeste, a força motriz oculta por trás dele é sempre a mesma: a necessidade de se diferenciar, de ser especial, de ser o patrão; a necessidade de poder, de atenção, de mais. E, é claro, a necessidade de uma sensação de separação, isto é, de oposição, de inimigos.”
Quanto mais você determina sua identidade a partir de seus pensamentos e crenças, mais se afasta de si mesmo, do outro e do mundo à sua volta. Até (ou especialmente) as assim chamadas pessoas religiosas estão estancadas nesse nível. Elas igualam a “verdade” a seus pensamentos sobre a realidade. E porque se identificam totalmente com seus pensamentos, afirmam, numa tentativa inconsciente de protegerem suas identidades, que são as únicas a conhecer a verdade.
As emoções que resultam do viver a partir do ego fazem surgir “corpos de dor”, que carregamos sempre connosco. Esses corpos podem ser activados por pessoas ou situações (quando alguém nos provoca). Nesses momentos, a pessoa é completamente oprimida pela emoção. Tolle escreve: “O corpo de dor é uma forma de energia semi-autônoma que vive dentro da maioria dos seres humanos, uma entidade constituída de emoção. […] Assim como todas as formas de vida, o corpo de dor precisa se alimentar com regularidade, e o alimento de que ele necessita consiste numa energia que é compatível com sua natureza, isto é, que vibra numa frequência semelhante à sua”. Para o corpo de dor, toda experiência dolorosa pode ser usada como alimento. É por isso que ele se desenvolve tão bem em um pensamento negativo e no drama dos relacionamentos. O corpo de dor é um vício na infelicidade.
Tolle, que quase foi dominado, anos atrás, pela dor e stresse criados por seu ego, conhece a saída desse labirinto. “Somente por meio da consciência – e não pelo pensar – pode-se perceber a diferença entre facto e opinião (crença). Se você não cobrir o mundo com rótulos e palavras, sua vida recuperará a sensação do miraculoso que se perdeu tanto tempo atrás, quando a humanidade deixou de usar a razão e foi possuída por ela.” Segundo Tolle, o reconhecimento da própria insanidade marca o início da cura espiritual. Quando você consegue olhar para seu ego – quando você está consciente – você se livra dele. Consciência e ego não podem coexistir. Sempre que o ego é reconhecido, ele fica mais fraco.
Se mais pessoas reconhecerem seus egos e escolherem a consciência – que significa estar presente no aqui e agora sem ser varrido pelas imagens mentais e emoções do ego –, a transformação para um novo mundo poderá acontecer mais depressa. Tolle escreve: “Pessoas sem egos personificam a consciência desperta que muda todo aspecto da vida em nosso planeta, incluindo a natureza, porque a vida na terra é inseparável da consciência humana que percebe e interage com ela”.
Tolle encerra com uma advertência àqueles cujos egos estão ávidos por uma nova “verdade”: “Você não pode fazer da libertação do seu ego um objectivo a ser alcançado no futuro. Somente a Presença, o ser Agora, pode libertá-lo do ego; nem ontem nem amanhã”. Em outras palavras: O novo mundo já está aqui, agora, se você o quiser.
Eckart Tolle- O Novo Mundo
CARPE DIEM
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