sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sofrimento...




Será que o sofrimento é realmente necessário?
Se você não tivesse sofrido o que sofreu, não teria profundidade como ser humano, não teria humildade nem compaixão. O sofrimento rompe a casca do ego do eu autocentrado e promove uma abertura até atingir um ponto em que cumpriu sua função.O sofrimento é necessário até que você se dê conta de que ele é desnecessário.
A infelicidade precisa de um eu construído pela mente, um eu com uma história e uma identidade. Precisa do tempo passado e futuro. Quando você elimina o tempo da sua infelicidade, o que sobra? A situação daquele momento.
Pode ser uma sensação de peso, agitação, aperto no peito, raiva ou até enjôo.Isso não é infelicidade nem um problema pessoal. Não há nada de pessoal no sofrimento humano. Trata-se apenas de uma forte pressão ou uma grande energia que você sente em alguma parte do corpo. Se você concentra sua atenção nessa energia, a sensação não se transforma em pensamento e assim não reativa o eu infeliz.Há muito sofrimento e tristeza quando você acha que cada pensamento que passa por sua cabeça é verdadeiro. Não são as situações que causam infelicidade. São os pensamentos a respeito das situações que deixam você infeliz. As interpretações que você faz, as histórias que conta para si mesmo é que deixam você infeliz.
Achar que estamos certos e os outros errados nos coloca numa posição ilusória de superioridade, e com isso fortalecemos nossa noção do eu . Criamos assim uma espécie de inimigo, porque o eu precisa de inimigos para definir seus limites e sua identidade.
Julgar alguém ou algum facto é criar sofrimento para si mesmo. Somos capazes de criar todos os tipos de sofrimento para nós mesmos, mas não percebemos isso porque de certa forma esses sofrimentos satisfazem o ego. O eu autocentrado se sente mais confortável no conflito.
Como a vida seria mais simples sem essas histórias que o pensamento cria.Rotular uma coisa como ruim provoca uma tensão emocional. Se você deixar que as coisas existam sem classificá-las, passa a dispor de um enorme poder.Você pode aprender a reconhecer todas essas formas de sofrimento na hora emque ocorrem e dizer para si mesmo: Estou criando um sofrimento para mim .Se você tem o hábito de criar sofrimento para si mesmo, deve estar criando também para os OUTROS.É impossível estar ao mesmo tempo consciente - no agora - e criando sofrimento para si mesmo.Um diálogo:
Aceite o que é .
Não posso. Eu me sinto agitado e irritado por causa disso .
Então, aceite o que é .
Aceitar que estou agitado e irritado?Aceitar que não consigo aceitar?
Isso mesmo. Aceite a sua não aceitação. Entregue-se à sua não entrega. E veja o que acontece .
A dor física crônica é um dos mestres mais duros que se pode ter. Ela nos ensina que a RESISTÊNCIA É INÚTIL . Quando você sofre conscientemente,quando aceita a dor física, ela anula o ego, pois o ego é formado sobretudo por RESISTÊNCIA. O mesmo ocorre com uma grande deficiência física.Ao se entregar, aquilo que parecia negar a existência de qualquer dimensão transcendental torna-se uma abertura para esta dimensão.

ECKHART TOLLE



CARPE DIEM

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