sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

ACEITAÇÃO…



“Sempre que seja capaz, “espreite” para dentro de si de modo a ver se estará, inconscientemente, a criar um conflito entre o eu interior e o exterior, entre as circunstâncias externas do momento – o lugar onde se encontra, com quem está ou aquilo que está a fazer – e os seus pensamentos. Consegue sentir como é doloroso estar interiormente em oposição àquilo que é, à realidade tal como ela é?
Quando o admitir, vai também perceber que nada o impede de desistir daquele conflito inútil, daquele estado de guerra interior.
Se tivesse de verbalizar a sua realidade íntima no momento que olha para dentro de si, quantas vezes por dia teria de dizer “não quero estar onde estou” ? Qual é a sensação de não querer estar onde está – no engarrafamento de trânsito, no local de trabalho, na sala de espera do aeroporto, com as pessoas que o acompanham?
È verdade que alguns lugares são lugares bons, mas para nos afastarmos deles – e, às vezes, isso pode muito bem ser a melhor coisa a fazer. Mas, em muitas outras situações, essa não é uma opção. Em todo o caso, o “eu não quero estar aqui” é não apenas inútil, mas também disfuncional. Torna-o infeliz, a si e aos outros.
... vá para que lugar for, você estará lá. Por outras palavras: você está aqui, consigo próprio. Sempre. É assim tão difícil aceitar isto?
Necessitamos mesmo de rotular mentalmente cada percepção dos sentidos e cada experiência? Necessitamos mesmo de ter uma atitude reactiva em relação à vida, do tipo gosto/não gosto, causando conflitos quase permanentes com as pessoas e com as situações? Ou será isso somente um hábito mental muito enraizado para ser mudado? Esta transformação não se consegue não fazendo nada, mas permitindo que o momento seja como é.
O “não” habitual e reactivo fortalece o ego. O “sim” enfraquece-o. O ego não sobrevive se se entregar, se não resistir.
“Tenho tanta coisa para fazer.” Pois, mas aquilo que faz, fá-lo com qualidade? Conduzir até ao emprego, falar com os clientes, trabalhar no computador, fazer recados, lidar com os incontáveis afazeres que preenchem a sua vida quotidiana – até que ponto é que se entrega às coisas que faz? E realiza-as com entrega, sem resistência, ou, pelo contrário, sem se entregar e resistindo à acção? É isto que determina o sucesso na vida e não a dose de esforço que se despende. O esforço implica stress e desgaste físico, implica a necessidade absoluta de atingir um determinado objectivo ou de alcançar um determinado resultado.
... Tudo aquilo que aceitar completamente irá conduzi-lo à paz, incluindo a aceitação de que não é capaz de aceitar, de que está num estado de resistência.
A entrega, a não resistência, torna-se muito mais fácil quando percebemos que todas as experiências são transitórias e que o mundo não poderá dar-nos nada de importante que dure para sempre. Então, poderemos continuar a conhecer pessoas, a envolver-nos em experiências e em actividades, mas sem as imposições e os medos do ego. Ou seja, já não exigiremos que uma situação, uma pessoa, um lugar ou um acontecimento nos satisfaçam ou façam felizes. Aceitaremos a natureza passageira e imperfeita de tudo isso.
Deixe a Vida em paz. Deixe-A ser como é.”

Eckhart Tolle

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