domingo, 6 de dezembro de 2009

ERROS…








O que você considera um erro pode ser exactamente aquilo que seus filhos precisam fazer ou sentir. Proporcione o máximo de ajuda e orientação, porém entenda que às vezes você terá que permitir que eles falhem, sobretudo quando estiverem se tornando adultos. Pode ser que você também tenha que deixá-los sofrer. A dor pode surgir na vida deles de repente ou como uma consequência dos seus próprios erros.
Enganamo-nos ao pensar que os estamos a ajudar a crescer retirando-lhes os obstáculos do seu percurso. A vida real não é fácil, mas as pedras que encontramos no nosso caminho são os degraus que nos fazem subir mais alto.
Falhamos ao impedi-los de aprender a assumir os próprios erros, a reconhecer as suas falhas e ter a humildade de pedir desculpa, sempre que nos ocupamos em disfarçar as suas asneiras, por mais insignificantes que possam parecer.
Iludimo-nos ao pensar que a imposição de regras lhes limita a liberdade: a verdadeira liberdade é a liberdade consciente de quem conhece e sabe respeitar os limites. Ao permitir que vivam sem regras estamos a enganá-los a eles também, criando-lhes a falsa impressão de que tudo podem.
Escusamo-nos a lembrar que é em família e no cumprimento das mais pequenas tarefas que aprendemos o sentido da cooperação e da entreajuda, que compreendemos que temos que ter um papel activo na sociedade, e que, mesmo alguns trabalhos que nos parecem secundários, são parte integrante e essencial para o bom funcionamento geral.
Ignoramos que sacrificamos a sua autonomia e a sua responsabilidade por não permitirmos a sua gradual incursão no mundo nem a experimentação de situações em que estejam completamente sozinhos, por sua conta e risco, mantendo-os sempre sob o nosso olhar protector ou aprisionados dentro das grades da escola. Não os preparamos para enfrentar o mundo, não os ensinamos a tomar decisões, a ponderar os prós e os contras das atitudes que possam tomar nem a fazer opções conscientes. Admirar-nos-emos talvez quando, na ânsia de se libertarem, correrem irreflectida e desenfreadamente na direcção de tudo o que lhes está vedado.
Fechamos os olhos à importância que terá na sua vida futura a facilidade que possam desde já adquirir em se relacionar com quem pensa e vive de outro modo, privando-os da aprendizagem de valores tão fundamentais como o respeito pela diferença e a solidariedade, mas sobretudo da descoberta da individualidade de cada ser humano.
Cremos em falsos ideais, associando a auto-confiança e a auto-estima dos nossos filhos aos objectos e bens que possam exibir, levando os nossos filhos a convencerem-se que valem pelo que têm mais do que pelo que são. Deixamo-nos engolir pelo consumismo, ao aceitar e seguir a regra estabelecida de que os sentimentos de inferioridade e a insegurança estão directamente relacionados com o que se possui.
Negamos-lhes a possibilidade de construção de um amor-próprio alicerçado no conhecimento pessoal, na consciência das próprias capacidades não só intelectuais mas sobretudo de influência positiva à sua volta, na certeza de que cada pessoa é um ser único e insubstituível, e em que nada pesa aquilo que se tem, mas o que se é, e em que importa sobretudo o que se faz para, mesmo em pormenores aparentemente insignificantes, mudar o mundo para melhor.
Retiramos-lhes a faculdade de reconhecer o valor do que têm, de saborear as pequenas conquistas, porque tudo conseguem sem o menor esforço, conduzindo-os a uma permanente insatisfação…
Demitimo-nos do nosso papel de educadores ao passar para a escola as responsabilidades que são nossas e exclusivas. São os pais quem lhes deve ensinar as mais básicas regras da vivência em sociedade, somos o seu primeiro e mais marcante modelo - é connosco e seguindo o nosso exemplo que se tornam Homens e Mulheres.
Negamos a evidência da eficácia do diálogo e da proximidade, como o mais básico meio de prevenção contra os todos os riscos da actualidade.Pois só com proximidade, cumplicidade e intimidade se constroem os sólidos pilares sobre os quais se erguerão…

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