quarta-feira, 17 de junho de 2009

NOVA CONSCIÊNCIA





Se você tem filhos pequenos, ofereça-lhes toda ajuda, orientação e

protecção que estiver ao seu alcance. Contudo, mais importante ainda
é: dê-lhes espaço - espaço para que possam existir. Você os trouxe
ao mundo, mas eles não são "seus". A crença "Eu sei o que é melhor
para você" pode ser adequada quando as crianças são muito pequenas;
porém, à medida que elas crescem, essa ideia vai deixando de ser
verdadeira. Quanto mais expectativas você tiver em relação ao rumo
que a vida delas deve tomar, mais estará sendo guiado pela sua mente
em vez de estar presente para elas. No fim das contas, seus filhos
cometerão erros e sentirão algum tipo de sofrimento, assim como
acontece com todos os seres humanos. Na realidade, talvez eles
estejam equivocados apenas no seu ponto de vista.
O que você considera um erro pode ser exactamente aquilo que seus
filhos precisam fazer ou sentir. Proporcione o máximo de ajuda e
orientação, porém entenda que às vezes você terá que permitir que
eles falhem, sobretudo quando estiverem se tornando adultos. Pode
ser que você também tenha que deixá-los sofrer. A dor pode surgir na
vida deles de repente ou como uma consequência dos seus próprios
erros.
Não seria maravilhoso se você pudesse poupá-los de todo tipo de
dissabor? Não, não seria. Eles não evoluiriam como seres humanos e
permaneceriam superficiais, identificados com a forma exterior das
coisas. A dor leva-nos mais fundo. O paradoxo é que, apesar de ser
causada pela identificação com a forma, ela também corrói essa
identificação. Uma grande parte do sofrimento é causada pelo ego,
embora, no fim das contas, ele destrua o ego - mas não até que
estejamos sofrendo. A humanidade está destinada a superar o sofrimento,
contudo não da maneira como o ego imagina. Um dos seus numerosos
errôneos, um dos seus muitos pensamentos enganosos é: "Eu não
deveria ter que sofrer".
Algumas vezes, essa ideia essa ideia é transferida para alguém
próximo a nós: "Meu filho não deveria ter que sofrer". Esse
pensamento está na raiz do sofrimento, que tem um propósito nobre: a
evolução da consciência e o esgotamento do ego. O homem na cruz é
uma imagem arquetípica. Ele é todo homem e toda mulher. Quando
resistimos ao sofrimento, o processo se torna lento porque a
resistência cria mais ego para ser eliminado. No momento em que o
aceitamos, porém, o processo se acelera porque passamos a sofrer de
modo consciente. Conseguimos aceitar a dor para nós mesmos ou para
outra pessoa, como um filho ou um dos pais. Em meio ao sofrimento
consciente existe já a transmutação. O fogo do sofrimento transforma-
se na luz da consciência.
O ego diz: "Eu não deveria ter que sofrer", e esse pensamento
aumenta nossa dor. Ele é uma distorção da verdade, que é sempre
paradoxal. A verdade é que, antes de sermos capazes de transcender o
sofrimento, precisamos aceitá-lo conscientemente.
Eckart Tolle

Quando desperta a consciência é libertador, começamos a «apercebermo-nos que aquilo que sentimos é importante. A visão do mundo muda por completo,é como se pusesse outros óculos.Contudo, não se produz consciência nem mudanças sem dor. Todo o processo de crescimento pessoal comporta um certo nível de sofrimento, porque ao tomar consciência, dar um nome aos sentimentos e analisar as nossas atitudes e comportamentos assemelha-se a um «parto emocional» que nos levará a realizar mudanças na nossa vida, de modo a sermos coerentes com a nova forma de entender a realidade.E, por vezes, essas mudanças podem ter um enorme impacto no nosso quotidiano, podendo produzir perdas no nosso balanço vital.Porém, tal faz parte do processo e não nos deve desmotivar, porque não tomar decisões também é uma opção com consequências, muitas vezes piores.

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