sexta-feira, 9 de julho de 2010

Paz interior…



Muitas pessoas aprendem bastante com as suas próprias limitações, seus fracassos, suas perdas, suas doenças e sofrimentos. Tudo isso ensinou-as a se desfazer das imagens falsas que tinham de si mesmas, dos desejos e objectivos superficiais ditados pelo ego e lhes deu profundidade, humildade e compaixão. Fez delas pessoas mais reais.
Sempre que acontece alguma coisa negativa, há sempre uma lição por detrás, embora nem sempre se perceba isso na hora.
De uma perspectiva mais elevada, as circunstâncias são sempre positivas. Para ser mais preciso, elas não são positivas nem negativas. São do jeito que são.Ao actuar desta maneira você não está fingindo nada. Só está permitindo uma coisa ser como é, apenas isso. Essa “permissão para nos transporta para além da mente, com os seus padrões de resistência que geram as polaridades positiva e negativa. É um aspecto fundamental do perdão. Perdoar o presente é até mais importante do que perdoar o passado. Se perdoarmos cada momento, se permitirmos que ele seja como é, não haverá nenhum acúmulo de ressentimento a ser perdoado mais tarde.
Pode até haver tristeza,mas, se deixarmos de resistir, conseguiremos perceber uma profunda serenidade por baixo da tristeza, uma calma, uma presença sagrada. Isso é a paz interior, o bem que não tem opositores.
Parece que a maioria das pessoas precisa vivenciar uma grande carga de sofrimento antes de abandonar a resistência e aceitar, isto é, antes de perdoar. Com o perdão, acontece o milagre do despertar da consciência do Ser, através do que aparenta ser o mal: a transformação do sofrimento em paz interior. Todo o mal e todo o sofrimento do mundo vão nos forçar a descobrir quem somos realmente. Assim, aquilo que, de uma perspectiva limitada, percebemos como o mal é, na verdade, parte de um bem maior que não tem opositores. Entretanto, isso só se torna uma verdade através do perdão. Sem ele, o mal permanece como mal.
Através do perdão – que significa reconhecer a falta de consistência do passado e permitir que o momento presente seja como é –, acontece o milagre da transformação, não só no lado de dentro, mas também do lado de fora. Um espaço silencioso de uma presença intensa surge dentro de nós e à nossa volta. Quem quer e o que for que penetre no campo da consciência será afectado, algumas vezes de forma clara e imediata, outras em níveis mais profundos, com mudanças só notadas algum tempo depois. Você dissolve a discórdia, cura o sofrimento, desfaz a inconsciência, sem fazer nada, simplesmente sendo e sustentando essa frequência de presença intensa.
Quando vivemos em uma completa aceitação do que é, todos os dramas da nossa vida chegam ao fim.
Ninguém consegue ter a mais leve discussão connosco, não importa quanto tente. Não se pode discutir com alguém completamente consciente. Uma discussão implica uma identificação com a mente e uma determinada posição mental, tal como resistência e reacção às posições da outra pessoa. O resultado é que as polaridades opostas ficam mutuamente energizadas. Esses são os mecanismos da inconsciência. Ainda podemos estabelecer o nosso ponto de vista de modo claro e firme, mas não haverá nenhuma força reagindo ao fundo, nenhuma defesa e nenhuma agressão. Assim, não se transformará em um drama. Quando estamos completamente conscientes, deixamos de estar em conflito.


Eckhart Tolle


CARPE DIEM

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