terça-feira, 9 de março de 2010

Caminhos...




…Ali, numa árvore gigante retorcida, no meio dos ramos protectores, embrenhado na sombra mais profunda, espreitava um par de olhos brilhantes, amarelos e arregalados.
Ping olhou melhor e ficou aliviada. Não sabia muito, mas era capaz de identificar um mocho quando o via.
- O meu caminho está bloqueado. São árvores que me mantêm aqui em baixo - Ping falou atabalhoadamente, na retranca,
- As árvores que te mantêm em baixo são as árvores, que me elevam alto. Não são as mesmas árvores? – returquiu o Mocho.
- E que importância tem isso? - Indagou Ping, parecendo um pouco agastada. - Elas impedem-me de prosseguir o meu caminho.
- Se o caminho que percorres não tiver obstáculos, não te leva a lado nenhum.
Ping não teve como responder aquilo.
- Como estás cega ao caminho - entoou o mocho. - O caminho não é um trilho; é a paisagem da alma que o universo enche com o seu sopro. Ele existe dentro e fora de ti. Abre-te a ele, e o universo elevar-te-á sempre, não te manterá em baixo. Tudo o mais é esforço inglório.
Interessante, pensou Ping. Não se podia negar que este Mocho era uma ave velha e inteligente. Seria óptimo se o mocho a pudesse ajudar.
- Consegues ver dai para onde tenho de ir? - perguntou Ping.
Um abanar de cabeça do mocho - A fim de veres para onde tens de ir, só precisas de entrar em ti mesmo, eliminar a confusão da tua mente para que ela possa escutar os aguilhões do teu próprio coração.
«Saberes realmente quem és e como desejas ser é o tipo de visão que até os cegos possuem».
- Davam-me jeito uns olhos como os teus - referiu Ping. - Podias ajudar-me?
- Tens de ser tu a encontrar o teu próprio caminho - respondeu o mocho.
Stuart Avery Gold- Excerto de "Ping - Uma rã à procura de um novo lago"
CARPE DIEM

Sem comentários:

Enviar um comentário